Tempos atrás me peguei contando quantos textos levavam em seu título o nome Obama nas páginas de Zero Hora dominical. Foram seis. Obama se tornou artigo de colecionador. Virou boneco de brinquedo, imã de geladeira e máscara de carnaval. Celebridades cafonas já lhe dedicaram músicas. Em breve alguma escola de samba também o fará tema de seu desfile. Obama diminuiu os EUA, criando uma legião de seguidores psicóticos e seqüestrando a intelectualidade com seu sorriso largo e sua ginga de político marajá. A falta de conteúdo de Obama levou todos a buscarem informações somente sobre sua vida de estrela pop de segunda.
A compra do cachorro de Obama se tornou a noticia mais importante envolvendo o presidente americano desde sua posse. Ninguém esta interessado nas gatunagens envolvendo os secretários que ele nomeou para governo. Ninguém esta interessado nas gatunagens envolvendo seus doadores de campanha. Ninguém esta interessado nas gatunagens que permitiram o registro de sua candidatura.
De acordo com uma pesquisa do American Kennel Club o cachorro ideal para a família Obama teria de ser de “uma raça sociável com as” crianças, se comportar como um bom companheiro de viagem a bordo do avião presidencial Air Force One, ter um nível de energia moderado e um temperamento estável para "se adaptar a uma ampla variedade de visitantes, desde chefes de Estado a membros da imprensa". A enquete do American Kennel Club contou com a participação de 42 mil pessoas e o cachorro escolhido como "ideal" para a família Obama seria um poodle. Ao contrário dos 42 mil, eu escolho o jornalismo americano como cão ideal.
A mídia americana é o cachorro de Obama. Vive o lambendo. Vive sacudido o rabo. Assim como o cachorro ideal a mídia revelou-se uma raça sociável, sempre acompanhando Obama em suas viagens e com nível de energia beirando a letargia. É inofensiva e totalmente previsível. Os veículos jornalísticos dos EUA fizeram à cobertura mais porca de uma eleição americana em todos os tempos. A mídia americana se abrasileirou, revelando um lado adesista que nunca tinha sido manifestado de maneira tão escancarada. Os crimes envolvendo Obama foram devidamente sonegados ao público. Suas ligações com fundamentalistas racistas foram sutilmente deixadas em segundo plano. Sua origem muçulmana foi tratada como conspiração ultra-direitista. A média de noticias favoráveis a Obama nos jornais de grande circulação dos EUA chegou, durante a campanha eleitoral, a 75%. Alguém coloque uma coleira no New York Times. Alguém coloque uma focinheira na MSNBC News. Alguém dê um osso a CNN.
Obama recém começou seu governo. Suas primeiras medidas já fracassaram. O plano econômico empacou no congresso e o mercado não deu a menor pelota, continuando seu vôo rumo ao fundo do poço. A atuação do novo governo no conflito entre Hamas e Israel não passou de alguns telefonemas. Em um mês a popularidade do presidente americano caiu 9%. Daqui a longínquos quatro anos quem sabe a sociedade americana já tenha se livrado de Obama e seus seguidores. Quando isso ocorrer só restará limpar o tapete da sala, sujo pelo cachorro.
Por Guilherme Macalossi
Artigo publicado no Jornal Informante em 10 de Abril de 2009